Aquelas pessoas que como eu, nasceram na década de 70 do século passado ou até mesmo antes, podem ter frequentemente o sentimento de que está tudo muito diferente atualmente. Desde a criação do primeiro computador na década de 50, muito se evoluiu no que diz respeito às tecnologias e o impacto dos novos recursos sobre a família e, especialmente, a sobre a criança, mostrando modificações bastante significativas.
Mas o que efetivamente mudou? De que maneira estas transformações interferem nas relações entre pais e filhos?
O modelo de educação, criação ou cuidado destinado às crianças, atualmente, é muito menos pautado em relações hierárquicas. De maneira geral, pode-se dizer que há mais proximidade e horizontalidade nas relações estabelecidas e, ao mesmo tempo, mais diálogo entre pais e filhos. Esta proximidade também permite que a criança tenha acesso a informações que antes eram restritas apenas a adultos. Há o reconhecimento que o advento das tecnologias, especialmente a televisão, foi um dos primeiros recursos tecnológicos que possibilitou o acesso a imagens e elementos que antes ficavam disponíveis apenas aos adultos. Como a Internet e as redes sociais isso se acentuou ainda mais.
Foto: Pixabay
Os tablets e os smartphones vêm cada vez mais ganhando espaço e se tornando objetos de entretenimento e lazer para as crianças. Basta um clique e a criança encontra na palma da mão uma infinidade de possibilidades de conectividades por meio de de aplicativos e jogos. E isso vem ocorrendo cada vez mais cedo, influenciando no desenvolvimento de habilidades e comportamentos da mesma.
Essa nova geração que já "nasce" dominando as tecnologias e tem sido denominada geração alpha por alguns autores que acreditam que crianças nascidas a partir de 2010 acabam por apresentar caraterísticas diferentes porque são mais estimuladas por estes novos recursos e pela forma como vivem.
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Abertura a mudanças, privacidade reduzida em função da publicação de situações de vida no mundo virtual, versatilidade, empoderamento são características marcantes deste novo grupo de crianças que estão mais expostas a este novos recursos tecnológicos.
No entanto, alguns cuidados são necessários:
- não deixar a criança por muito tempo utilizar estas tecnologias, limitando o tempo para assistir vídeos e jogar;
- acompanhar a criança durante a utilização destas tecnologias;
- conhecer o conteúdo dos jogos, vídeos ou instrumentos aos quais a criança está utilizando, evitando aqueles que tenham conteúdo inapropriados para a criança.
- estimular para que a criança para que faça uso de brincadeiras e brinquedos diversificados;
- favorecer o desenvolvimento integral da criança possibilitando a ela experiências que a auxiliem neste processo sob o ponto de vista físico, emocional e social.
Neste sentido, é primordial que a família e a sociedade como um todo crie mecanismos de proteção, orientação e acompanhamento para a criança que vive nesta cibercultura, atravessada por uma conectividade e interatividade avançada. É preciso estar atentos a noção de limites, incluindo a noção do papel que cada agente ocupa neste processo, não esquecendo que mesmo que a criança seja extremamente esperta para a sua idade, ainda é uma criança e precisa ser tratada como tal.
Pais, professores e demais agentes sociais precisam se preparar para lidar com estas mudanças e auxiliar neste processo. Assim, será possível ajuda-los a construir uma cidadania digital que permita que façam uso destes recursos mas com segurança.